Valesca Popozuda celebra mais de duas décadas na música com satisfação pelo caminho que trilhou. Integrante do “funk raíz” como ela mesma descreve, a cantora relembra as dificuldades que passou no início da carreira, ainda no grupo Gaiola das Popozudas.
“Com o tempo, fui conquistando admiração. Eu queria ser respeitada pelos homens e queria que respeitassem as outras mulheres também. Foi quando encontrei o meu lugar, junto delas. Aí, ninguém me segurou mais”, explica em entrevista exclusiva à Tangerina.
Antes do início como cantora, ela era dançarina da Gaiola. Mesmo sem presenciar discussões sobre feminismo ou sororidade, já vivia uma situação de união com as outras colegas de trabalho. O público, no entanto, era 100% formado por homens, diz ela. “O machismo ainda existe, mas dominava muito mais”, comenta.
Novas reflexões surgiram quando Valesca Popozuda começou a ser cantora dentro do grupo. “Eu falei que estava cansada e expliquei: ‘Já rebolei tanto, já dei com a bunda na cara dos homens, fiz um estardalhaço. Não quero mais que eles me olhem como símbolo sexual, enquanto as mulheres não estão entendo o que estou fazendo. Quero cantar para elas, dar o poder da liberdade para elas’”, relembra.
‘A gente não tem medo de ser quem quer’
A aproximação foi sendo formada através de letras que enalteciam o público feminino. Sem as redes sociais para explicar as composições, as músicas ganhavam um discurso sobre o seu significado em cada show que fazia.
“Queria essas mulheres junto comigo, na frente do palco, sem ter medo. Queria que entendessem o que as Gaiola das Popozudas representa. A gente não tem medo de ser quem quer. Graças a Deus, fui conseguindo isso, me encontrando mais na música e buscando a minha identidade.”
A mensagem chegou ao público. Valesca Popozuda começou a receber cartas com desabafos de mulheres durantes os shows. “Às vezes, eu estava no camarim e entrava uma menina chorando, contando que era abusada. Se eu tive força para me libertar, por que não dar essa força para elas também?”, comenta sobre o propósito que ganhou na profissão.
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FONTE: TANGERINA https://tangerina.uol.com.br/musica/valesca-popozuda-sororidade-funk/