FESTIVAL LED DISCUTE RAP E FUNK COMO MEIOS DE LEVAR EDUCAÇÃO A JOVENS E ADOLESCENTES

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Da marginalização aos holofotes, o rap e o funk passaram a ganhar espaço no cenário musical do Brasil e do mundo nos últimos anos. Hoje, os ritmos também se apresentam como possíveis meios de estratégias pedagógicas. A forma como eles dialogam com a realidade de adolescentes e jovens no país foi o tema de uma das mesas do Palco Inova, sexta-feira, no Festival LED – Luz na Educação.

A conversa, no Museu de Arte do Rio (MAR), foi mediada pela cantora e apresentadora Larissa Luz, do programa Saia Justa, do GNT. Ao lado dela, Rodrigo Ferreira, músico e professor, e Taísa Machado, fundadora do Afrofunk Rio e conhecida como “Chefona”, falaram sobre como o funk e o rap podem aproximar o ensino à população. Os dois estilos, para além das batalhas, bailes e festivais, conquistaram espaço na mídia e em todas as camadas sociais. No título da mesa, um clássico que ecoa até hoje: “Eu só quero ser feliz”, de Cidinho e Doca.

Ainda alvos de preconceitos, funk e rap são criticados até hoje por conta de seu conteúdo. Os convidados, porém, lembram que as letras dos estilos conseguem falar a mesma língua de quem vive aquela realidade. “Eu gosto tanto de funk que resolvi trabalhar com ele. O papel do funk, antes de qualquer argumento, é alegria, diversão, a dança. Um espaço onde você pode jogar seu corpo. ‘Ai, mas o funk fala ‘senta, senta’. O corpo, na favela, é tudo o que a gente tem. O caveirão vai entrar e pegar tudo seu. A única coisa que é só sua é o corpo. E por que não mexer o seu corpo? Mas, para além disso, o funk é um espaço onde você pode pensar a sociedade. Quantos lugares, quantas favelas ficaram famosas pelo funk? O funk é um espaço de poder, muito vivo, muito rápido”, disse Taísa.

“Eu sou professor. E essa pergunta é interessante porque eu costumo trabalhar isso nas salas de aula. A cultura da favela é uma esperança para quem está lá. E isso se reflete desde o início, o Rap dos anos 70, o Reggae na Jamaica, o soul de James Brown, que salvou a vida dele. E a visão de futuro, há uns oito anos, por ter poucas referências em casa, era sempre jogador de futebol. Ter grana, ascensão. Hoje em dia, a maioria da garotada, principalmente as meninas, quer fazer rap. Essa esperança vai aflorando na cabeça deles. E a favela venceu nesse sentido”, lembrou Rodrigo.

A mesa lembrou que, ao se aproximar da realidade de jovens de todas as camadas, a música pode, também, servir como meio transformador e educador. “A possibilidade de você fazer uma crônica da sociedade. Ter essa possibilidade de acessar esse pensamento crítico, sua opinião sobre as coisas, amplia seu horizonte. Você vê um lugar aonde pode chegar, melhorar. E tem essa ideia, que não é verdade, que com essa ascensão você vai se livrar dos monstros que te perseguem na rua. Não vai, mas vai melhorar”, afirmou Taísa.

Carregadas de crítica social e conscientização, as letras de funk e rap, segundo Rodrigo, também podem abrir caminho para despertar consciência política em adolescentes e jovens. “Trabalhar o rap com eles, hoje em dia, é muito mais fácil. Temos esse boom nos últimos 10 anos. Essas letras do rap conscientizam, sim. A primeira coisa nas aulas é criar referências. Falar do BK, do Poze. E por que não ouvir o que eles ouviram? Quando a gente começa a buscar essas letras, eles começam a ter essas indagações. Ensinar o que está sendo dito, as histórias. Pegar a manchete de jornal e interpretar. Ver como o jornal está falando, o que aconteceu na favela e como você viu isso. É um enriquecimento muito grande que vem do rap e do funk”, considerou Rodrigo.

“A cultura é um conjunto de vários elementos. Você não precisa ter um estilo rebuscado e acadêmico para ser respeitado”, completou Larissa.

Através do projeto Afrofunk, Taísa passou a trabalhar com o que ela chama de “Ciência do Rebolado”. O tema, inclusive, virou livro, publicado por ela em 2020. “Acho que o que me fez ter muita vontade de pesquisar isso foi a minha vontade de dançar. Mas, durante um tempo, eu tinha minha autoestima muito abalada porque eu me achava muito bruta. Não me via como preta. Mas quando eu dançava, me sentia linda, não me sentia bruta. E quis ver por que eu tinha essa sensação em um ambiente que todo mundo dizia ser tóxico. É bem interessante perceber como em vários lugares, em etnias africanas, o rebolado está ligado à autoafirmação. Claro, temos problemas como a hipersexualização. Não é um mar de rosas”, ponderou.

Para saber mais o que rolou no Festival LED – Luz na Educação, confira a página www.festivalled.com.br. O evento é uma realização da Globo e Fundação Roberto Marinho, em parceria com a plataforma “Educação 360 – Conferência Internacional de Educação”, da Editora Globo, e faz parte do Movimento LED – Luz na Educação.

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