No dia 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez, protagonista da novela “Corpo e Alma”, exibida pela Rede Globo, foi brutalmente assassinada por seu colega de trabalho e então par romântico na ficção, Guilherme de Pádua. O rapaz contou com o auxílio de sua esposa, Paula Thomaz, na execução do crime.
Após as gravações da trama, por volta das 21h, os artistas, Daniella e Guilherme, saíram juntos dos estúdios, sendo abordados por fãs que lhes pediram foto. Logo depois, seguiram caminhos diferentes, Guilherme saiu na frente em seu carro, um Santana, acompanhado de sua esposa Paula, e logo atrás vinha Daniella, em um Escort.
No meio do trajeto, repentinamente, Guilherme parou no acostamento da via, esperando avistar o carro de Daniella Perez, haja vista que, supostamente, teria um assunto para tratar com ela.
Após alguns minutos de espera, identificou o carro de Daniella, percebendo que ela estava parando em um posto de gasolina para abastecer. Nesse momento, Guilherme a trancou com seu carro, impossibilitando a atriz de sair com seu veículo, razão pela qual ambos desceram de seus automóveis.
Assim, reconhecendo que era seu colega de profissão, Daniella foi ao seu encontro para entender o que estava acontecendo, oportunidade na qual o ator se aproximou e desferiu um soco em seu rosto, que lhe causou um desmaio instantâneo.
Com a vítima desmaiada, Guilherme a deitou no banco de trás de seu carro e sua esposa, Paula, conduziu o veículo em direção a um matagal localizado na rua Cândido Portinari na Barra da Tijuca (RJ), ao passo que Guilherme a seguiu, rumo ao local combinado, dirigindo o carro de Daniella Perez.
Ao estacionarem os carros, o casal levou Daniella, ainda desmaiada, para dentro do matagal e lá desferiram contra a jovem perfurações no pescoço (quatro), no peito (oito), pulmões (seis), além de perfurações em outros locais não vitais.
Em um primeiro momento, acreditava-se que a arma do crime teria sido uma tesoura, mas a autópsia constatou que o instrumento utilizado seria um objeto semelhante a um punhal.
Caso o casal tivesse usado tesoura na execução do crime ficaria com ferimentos em suas mãos, dada a posição que teriam que segurar, mas nenhum deles apresentou esse tipo de ferimento, razão pela qual a hipótese da arma do crime ter sido uma tesoura foi descartada.
Posteriormente à execução do crime, o casal parou em um posto de gasolina, pedindo que um dos frentistas lavasse bem o carro, com intuito de fazer desaparecer eventuais vestígios do ato criminoso.
Com o automóvel limpo, seguiram para casa. Ao chegarem, Paula decidiu descansar, pois estava grávida de quatro meses. Em contrapartida, Guilherme decidiu fazer uma caminhada por Copacabana, onde se acredita que ele tenha jogado a arma do crime no mar.
No dia seguinte, a notícia de que a atriz Daniella Perez havia sido brutalmente assassinada tomava conta de toda a imprensa, e, para despistar qualquer suspeita, Guilherme compareceu ao funeral da atriz e consolou sua mãe, Glória Perez, seu marido, o ator Raul Gazolla e demais amigos presentes.
Ainda nesse dia, o casal confessou à polícia a autoria do crime. Isso porque, na noite anterior, o advogado Hugo da Silveira, ao avistar dois carros parados em um local ermo na Barra da Tijuca, anotou a placa de um dos carros, “OM 1115”, e, ligou imediatamente para polícia, relatando a cena suspeita, razão pela qual dois policiais foram averiguar o que poderia estar acontecendo.
Ao chegarem, notaram que havia apenas um dos carros, o Escort de Daniella, abandonado, sem qualquer pessoa por perto. Desta feita, um dos policiais resolveu entrar no matagal, onde acabou tropeçando no corpo da atriz.
Em razão disso, no dia do velório, a polícia compareceu até os estúdios de gravação da novela, no intuito de achar algum carro Santana com a placa indicada. Entretanto, acharam um Santana de placa “LM 1115” de propriedade do ator Guilherme de Pádua, onde, no decorrer das investigações, fora descoberto que o ator alterou a placa do carro com fita isolante, ficando evidente a premeditação do crime.
O motivo do crime nunca fora descoberto ao certo, tendo em vista que primeiramente o ator afirmou que matou Daniella porque ela o assediava, mas essa versão foi prontamente desmentida por colegas que acompanhavam a rotina dos dois. Surgiu também teses do ciúme doentio que Paula tinha de Daniella com Guilherme, dado as cenas de amor que protagonizavam na novela, bem como de que o casal estava envolvido com magia negra.
Todavia, a tese que fora desenvolvida no julgamento foi a de que Guilherme estava irritado com o fato de seu personagem ter sido cortado de dois capítulos da novela e acreditava que Daniella poderia ter influenciado nessa decisão de sua mãe (escritora da novela).
O JULGAMENTO
Guilherme e Paula foram acusados de homicídio qualificado pelo motivo torpe e por terem utilizado recurso que dificultasse a defesa da vítima. O procedimento adotado foi do Tribunal do Júri, haja vista que qualquer tese de homicídio culposo fora descartada, dada a premeditação do crime.
Em 15 de janeiro de 1997, Guilherme de Pádua foi condenado a dezenove anos de reclusão, dos quais já havia cumprido quatro. Apesar de recorrer da sentença, sua pena foi mantida.
O julgamento de Paula Thomaz aconteceu em 16 de maio de 1997, sendo condenada em dezoito anos e seis meses de reclusão pela coautoria no assassinato de Daniella. Apesar de sua pena-base ter sido a mesma de Guilherme, houve redução de seis meses pelo fato da ré constar com menos de 21 anos na data do fato.
Não obstante, a votação do júri foi bem dividida, de modo que 4 votaram na condenação e 3 na absolvição. Ao recorrer da decisão, sua pena ficou em 15 anos.
Em 1999, após 7 anos de cumprimento de pena, ambos deixaram o cárcere.
FONTE: CANAL CIÊNCIAS CRIMINAIS